terça-feira, dezembro 26, 2017

Como os soviéticos roubaram o Natal (7 imagens)

Quando os regimes totalitários (particularmente os da esquerda) chegam ao poder, uma das primeiras coisas que eles costumam fazer é destruir símbolos culturais sagrados, para refazer a sociedade desde os alicerces. A campanha soviética para substituir os símbolos do Natal é um capítulo cultural interessante na história daquilo que Ronald Reagan chamou de “Império do mal”.
cartão soviético de arquivo
por: Michael de Sapio, Fee.org
cartão soviético de 1960 | arquivo
Após a revolução [bolchevique] russa, o novo governo ateu iniciou uma campanha anti-religiosa. Todos os símbolos considerados religiosos e/ou “burgueses” foram erradicados e substituídos por novas versões seculares. Assim, o Natal (que no calendário ortodoxo russo [e não apenas russo] ocorre em 7 de janeiro) foi abolido em favor do Ano Novo, e vários costumes e personagens tradicionais de Natal receberam novas identidades. São Nicolau / Santa Claus (Papai Noel) deu lugar ao Died Moroz  (literalmente Velho Geada, uma figura popular que se origina nos tempos pagãos), e a nova “cena de natividade” apresentou a ele e a sua neta, Sniegurochka (Menina da Neve), em lugar de José e da Maria, às vezes com o “Rapaz Ano Novo”, colocado no lugar de Jesus. 
cartão soviético de arquivo
Os cartões de Natal [isso é, cartões soviéticos do Ano Novo] caracterizavam frequentemente Died Moroz andando ao lado de um cosmonauta soviético em uma nave espacial embutida com um foice e martelo.
cartão soviético de arquivo
Tais imagens parecem risíveis agora, mas o impulso de destruir a tradição é parte integrante dos movimentos sociais radicais ao longo da história. Pense nos revolucionários franceses, que substituíram o calendário cristão por um naturalista e até rebatizaram os meses e os dias da semana para evitar qualquer possível referência ao cristianismo.
Vertep ucraniano, cidade de Lviv, 1972

E os soviéticos não foram os únicos a ter um problema com o Natal. Os puritanos do Boston do século XVII estavam veementemente contra Natal também. Um “Aviso público” do período [1659] proclamava o seguinte:
fonte @democraticunderground.com
A Observação do Natal tendo sido considerada um Sacrilégio, a troca de Presentes e Saudações, Vestir os Vestidos Finos, Festas e Práticas Satânicas semelhantes são PROIBIDAS, por este meio, e o Transgressor está sujeito a uma Multa de Cinco Xelins.

Um grupo odiava o Natal porque era religioso, e o outro odiava porque era anti-religioso. A história e a natureza humana estão repletas de paradoxos.
cartão soviético de 1963 | arquivo
Quanto aos soviéticos, eles acabaram suavizando a sua posição. Em 1935, um dos líderes do PC [soviético] Pavel Postyshev [organizador e vítima das repressões estalinistas, um dos principais arquitectos do Holodomor ucraniano] escreveu um editorial no [jornal] Pravda, gozando/zombando da extrema fação [comunista] anti-Natal. Ele declarou que os costumes de Natal [Ano Novo] deveriam ser trazidos de volta para o gozo e benefício das crianças. (Não é preciso dizer que o objetivo vis-à-vis, era sempre transformar as crianças em obedientes servos do Estado). Após a queda da União Soviética em [26 de dezembro de] 1991, o Natal tornou-se popular novamente [principalmente no espaço europeu da ex-URSS].
cartão soviético de 1978 | arquivo
Tudo isso mostra que, enquanto se pode lutar contra a tradição, não se consegue destruí-la completamente. A tradição pode estar na clandestinidade, pode estar dormente, mas uma vez que as restrições são levantadas, ela surgirá para uma nova vida. E qualquer regime que tente substituir o mundo familiar por um sintético, está fundamentalmente em guerra com o espírito humano.

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