domingo, agosto 06, 2017

“Taras Triasylo”: o primeiro blockbuster ucraniano

O filme de ação ucraniano “Taras Triasylo” de 1926, ambientado no universo dos cossacos ucranianos na sua luta contra Polónia teve um sucesso estrondoso no Ocidente, sendo proibido na URSS sob acusação de “naturalismo, teatralidade, etnografismo ilustrativo, formalismo e nacionalismo”.
O filme mudo e à preto-e-branco «Taras Triasylo» foi produzido em 1926 no Estúdio cinematográfico de Odessa, baseado no poema homónimo do poeta lírico ucraniano Volodymyr Sosiura (ele próprio participou na luta de libertação nacional da Ucrânia em 1917-1919, aderiu ao partido bolchevique após a derrota da 1ª república ucraniana, não escapou ao programa de “reeducação” em 1930-31).   
O filme segue o género da tragédia popular épica e tem como o pano de fundo a luta dos cossacos ucranianos, chefiados pelo Hetman Taras Triasylo (Taras Fedorovych) contra os tártaros e a nobreza polaca no século XVII.
No papel da Marina, a irmã do Taras Triasylo está a atriz popular Natalia Uzhviy, foi o seu primeiro papel principal no cinema. As filmagens no terreno decorreram em Kyiv, Zhytomyr, Dnipro e Uman (no parque Sofiivka). Em Odessa foi construída uma inteira cidade cinematográfica – cabanas, casas, igrejas. Os responsáveis pelo design consultavam o historiador ucraniano Dmytro Yavornytsky, por isso o filme realmente foi bastante naturalista e historicamente fiel à sua época.
A estreia do filme decorreu em 15 de março de 1927 em Kyiv e em 25 de outubro de 1927 em Moscovo. No entanto, muito rapidamente o realizador russo Pyotr Chardynin foi acusado de “naturalismo, teatralidade, etnografismo ilustrativo, formalismo e nacionalismo”. Em 1937 o filme foi alvo de uma nova montagem, dublado e mostrado nos cinemas sob o nome de «História de um coração quente».
O cartaz original do filme
Por sua vez a Europa e Ocidente adoraram o filme, nomeadamente a película teve bastante aceitação na Alemanha (Berlim), Checoslováquia (Praga), França (Paris), Roménia e os EUA. Principalmente pela sua força visual, como a participação dos até 15.000 (!) figurinos no papel dos cossacos à cavalgar numa batalha épica.
Durante muito tempo o filme era considerado perdido, até que em 1998 o crítico de cinema, franco-ucraniano Lyubomyr Hoseyko achou a cópia do “Taras Triasylo” em película de 16 mm no arquivo da Cinemateca Francesa, onde a obra estava guardada sob o título «Tártaros». Em 2015 o filme de 72 minutos foi comprado pela Ucrânia e renovado, quadro por quadro, manualmente e durante um ano (!) no Centro nacional de Cinema “Oleksandr Dovzhenko”.

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