segunda-feira, maio 29, 2017

Centenas de mercenários russos sofrem nas cadeias da Ucrânia

Ninguém sabe o seu número exato, a sua existência não é confirmada, de forma oficial, nem na Ucrânia, nem na Rússia. Mais uma etapa das negociações em Minsk nos meados de maio não clarificou a sua posição, nem o estatuto legal. Na Ucrânia eles são considerados terroristas e criminosos, na Rússia são simplesmente “esquecidos” e abandonados.

O jornal russo MK calcula o número dos separatistas pró-russos das ditas “dnr/lnr” e terroristas russos, cidadãos da federação russa, capturados na Donbas e presos nas cadeias da Ucrânia em cerca de 1.000 pessoas.

Eles contactaram o «MK» — por desespero, sentindo que ninguém mais quer saber deles. Todos estão nas cadeias e cadeias de isolamento operativo (SIZO) da Ucrânia, alguns já foram condenados às penas pesadas. Dado que na Ucrânia decorre a Operação Antiterrorista (OAT) e não uma guerra, os mercenários russos não têm o direito de usufruir de qualquer estatuto legal [à não ser do de combatente ilegal/unlawful combatant], os protocolos da convenção da Genebra não se aplicam aos seus casos e ninguém quer saber deles.

Um combatentede ninguém
O moscovita Denis Sidorov (04.08.1981) é mercenário russo bastante conhecido na Ucrânia.

“Que o meu marido foi capturado, fui informada pelo investigador ucraniano [do SBU]. Ele entrou em contato comigo através de uma página na rede social [em setembro de 2016], escreveu que é preciso confirmar a identidade do Denis, já que ele não possuía nenhuns documentos de identificação”, – conta a esposa do mercenário, Kristina Sidorova. Ela não vê o seu marido por quase dois anos – desde que em 2015 este partiu para a Donbas.

Após saber da sua captura, as estruturas da dita “dnr” afirmaram que Denis Sidorov não possui qualquer relação com eles. A unidade terrorista, onde Denis tinha servido, o colocou imediatamente fora das suas listas. A prática usual de “descartar”. Assim acontecia [na URSS/Rússia] desde a grande guerra patriótica (II G.M.): foste capturado pelo inimigo – é melhor morreres, ninguém irá se preocupar com a sua libertação.

Ex-polícia (2004-10), formado em direito, na juventude Denis passou pela guerra na Chechénia (2001). A família não compreendeu, nem aceitou a sua decisão de lutar pelo “mundo russo” na Ucrânia: a jovem esposa, o filho Mikhail (2011) à crescer – porque razão ele precisou disso tudo?!
No dia 8 de setembro de 2016, Denis Sidorov, o batedor do “3º batalhão especial da infantaria motorizada” dos terroristas (o 1º Corpo militar das forças armadas russas), foi ferido na perna (à facada, num combate corpo-à-corpo) e capturado pelas Forças Armadas da Ucrânia. A sua família foi contactada pela parte ucraniana já no dia seguinte.
«Mercenário russo revelou-se “de ninguém”» — após o seu comando negar qualquer relação com ele, Denis não foi colocado nas listas de troca de prisioneiros. Em Kyiv, ele foi julgado e condenado aos 12 anos de cadeia severa, em junho de 2017 será apreciada a sua recorrência, sem grandes esperanças na redução da pena.

[“Eu sinto muito que eu vim ao território da dnr. Quero fazer um apelo aos meus compatriotas à não irem ao território do Donbas. Os moradores locais são capazes de resolver suas as próprias diferenças e problemas”, – declarava Sidorov em setembro de 2016].
Cristina chegou à declarar na polícia russa que o seu marido “desapareceu”, na tentativa de forçar as autoridades russas de o procurar formalmente. Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russos informou Cristina que “o seu pedido é analisado” e dos resultados lhe serão comunicadas oportunamente.

Neste momento, os separatistas presos na Ucrânia [apenas os cidadãos da Ucrânia] recebem a proposta de assinar a declaração de que não desejam retornar às [“dnr/lnr”], casos o cidadão concorda, ele recebe a promessa de uma libertação antecipada. Muitos [separatistas] concordam com a oferta.

A culpa “solteira”
O separatista Maxim Garmash está preso na Cadeia Operativa (SIZO №3) da cidade de Dnipro. Foi detido na cidade de Kharkiv no fim de verão de 2015, na posse de granadas. Foi julgado ao abrigo dos Art. 110, 2ª parte; Art. 260, 2ª parte e Art. 263, 1ª parte do Código Penal da Ucrânia: “atentado contra à integridade territorial e inviolabilidade da Ucrânia”; “participação na criação de formações paramilitares ilegais” e “posse ilegal de armas”.

[Graças ao trabalho exepcional da página Myrotvorets, ele foi julgado e condenado aos 8 anos de cadeia, sem confisco dos bens, pois o tribunal levou em consideração que separatista tem uma filha menor ao seu cargo e que não cometeu os crimes mais graves].

Perguntado pela “MK” se entre os presos há muitos cidadãos russos, Garmash conta que último foi trazido na sexta-feira última [19/05/2017], nas suas palavras: “capturado em combate, ferido com a arma de fogo numa perna, começou a gangrena, a operação não foi feita”.

O mesmo separatista conta que nas cadeias ucranianas têm bastantes cidadãos russos presos, na sua maioria, eles conseguem ter o acesso aos meios de comunicação, mas precisam de paga-los. De acordo com Garmash, os mercenários russos e os separatistas são colocados nas celas juntamente com os outros presos ucranianos, incluindo com os veteranos da OAT, o que provoca os conflitos permanentes.

A guerra de ninguém
Donbas ucraniana após a chegada do mundo russo
Os militares ucranianos, afetos às Forças Armadas da Ucrânia, presos nos cativeiros terroristas de Donbas são, pelas contas de “MK” apenas cerca de 100 pessoas (pelas contas da Ucrânia em 12 de abril de 2017 estavam detidos pelos terroristas 126 cidadãos da Ucrânia, civis e militares). Desde que os militares ucranianos pertencem às FA oficiais, à eles se aplica a Convenção de Genebra [ao contrário dos combatentes ilegais e militares russos que participam na guerra contra Ucrânia em fardamentos descaraterizados e sem os distintivos].

Recordar os 121 POW ucranianos em poder das forças russo-terroristas: 
Em 2014 na Donbas entrou na moda a profissão de negociador, aquele que negociava os termos da troca de prisioneiros e levava estas trocas até o fim. Os primeiros combatentes eram trocados ainda nos campos de batalha. No início, na troca pela troca, depois por dinheiro. Não era muito caro – alguns milhares de dólares por cabeça. Havia trocas que envolviam os objetos – por exemplo, as viaturas. O processo era bastante agilizado e era mais ou menos claro. “Às vezes mesmo os comandantes [das forças inimigas] ligavam uns aos outros após os combates para verificar as listas e rapidamente fazer a troca dos seus”, – contaram ao jornalista russo nas ditas “dnr/lnr”.

A espiã russa na dita “dnr”
Nada disso existe agora. Nas “repúblicas populares” tudo está burocratizado ao limite. Oficialmente, a troca de prisioneiros de guerra é tratada na dita “dnr” pela “provedora de justiça” Daria Morozova. Anteriormente em Donetsk também funcionava a “tenente” Liliya Radionova (14.09.1967), que nos primeiros anos da guerra russo-ucraniana presidia a “comissão de prisioneiros de guerra”.

“Com o tempo, nas atividades da comissão intervieram os representantes do poder [da dita “dnr”] – alguém era colocado nas listas para ser trocado, outros eram excluídos de trocas”, – conta ela ao “MK”. – Depois, a nossa pequena equipa entrou aos quadros do “ministério da defesa da dnr”, e desde ai, nada decidimos por conta própria”.

Após passar a lista dos combatentes ilegais russos, presos na Ucrânia, às autoridades russas, Sra. Radionova foi considerada inimiga das repúblicas não reconhecidas e acusada de espionagem à favor da Rússisa! A separatista tinha que fugir de Donbas: «Eu não poderia supor que tal informação pode constituir um segredo de Estado – ao contrário, tinha boas intenções”, – desabafa ela.

Tudo isso está no passado. Agora, a maioria [dos separatistas e russos] que estão nas prisões ucranianas são abertamente chamados de criminosos. Uma parte destes membros de grupos armados ilegais já foi condenada, outros ainda esperam pelo seu destino. Os separatistas e terroristas acreditam que o objetivo da Ucrânia é levar todos os condenados à Haia, para serem julgados como criminosos de guerra, escreve “MK”.
Blogueiro: embora não se percebe o que eles estão à temer, as cadeias europeias são bastante confortáveis, seguramente na Europa os prisioneiros ilegais contarão com melhores condições da sua detenção. Isso é, aqueles que sobreviverão até então... 

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