sexta-feira, abril 21, 2017

Exit from “Calexit”: a história dos idiotas úteis

O “albatroz  frustrado” da “Calexit”, Louis Marinelli, anunciou que desgosta muito bastante os EUA ao ponto de “fechar a loja” da sua própria campanha secionista e se mudar, de forma permanente, para a federação russa.

Desde que a campanha da independência da Califórnia “Yes California” começou no início de 2016, uma série de eventos lhe deu a maior visibilidade: desde a eleição do Donald Trump como o presidente dos EUA (o estado votou 61,5 % em Hillary Clinton), até a vitória surpreendente da “Brexit” na Grã-Bretanha.

A hashtag #Calexit tornou-se popular nas mídias sociais e “Yes Califórnia” até começou, no início de 2017, a recolher as assinaturas para transformar a “Calexit” em uma matéria do referendo em que os californianos pudessem votem a separação do seu estado dos EUA.
Louis Marinelli em 28 de fevereiro de 2017
Até que a campanha recebeu um duríssimo gorpi na sua credibilidade, quando se descobriu que o seu líder, o italo-americano Louis J. Marinelli (1986), se mudou, à socapa, para a cidade russa de Ecaterimburgo, que agora, nas suas próprias palavras pretende transformar no seu “permanentemente novo lar”.

Em uma declaração de despedida na página Yes California, publicada em 17 de abril de 2017, Marinelli conta as dificuldades que a sua esposa russa teve no processo de imigração dos EUA e a sua frustração com o que ele descreve como esforços da mídia para minar a campanha, com a “histeria anti-russa” e com as “expressões da xenofobia anti-imigrante dos americanos”. Embora numa outra passagem Marinelli reconhece que há três semanas, a sua esposa [Anastasia] finalmente recebeu o green card [cartão de residente nos EUA e escolheu à viver nos EUA!] e agora a sua “luta pessoal contra o governo dos Estados Unidos terminou”.
“Como afirmei no passado, não desejo viver sob a bandeira americana. Eu não desejo viver sob o sistema político americano ou dentro do sistema económico americano. [...] No entanto, enquanto minha frustração, desapontamento e desilusão com os Estados Unidos permanecem, esses sentimentos agora me apontam em uma direção diferente. Encontrei na Rússia uma nova felicidade, uma vida sem o albatroz da frustração e do ressentimento em relação à pátria, e um futuro separado das divisões partidárias e da animosidade que até agora envolveu toda a minha vida adulta”.

Deve-se notar que após a decisão tornada pública do Marinelli de retirar a petição secionista da circulação e se retirar da causa separatista, o vice-presidente da campanha “Yes California”, Marcus Ruiz Evans, anunciou que também abandonava a iniciativa, escreve a jornal californiano San Diego Union Tribune.

Os comunistas americanos no GULAG soviético
Thomas Sgovio (primeiro à esquerda), aos 13 anos o jovem comunista em Buffalo nos EUA (1930)
O mais provavelmente, o nosso querido Louis Marinelli nada sabe sobre a vida de um outro italo-americano, Thomas Sgovio (1916-1997), cuja família emigrou à União Soviética em 1935, frustrada com os EUA, com o seu “capitalismo selvagem”, rumando à uma nova felicidade na pátria do “socialismo triunfante”.
Thomas Sgovio no sistema prisional soviético, 1938
O pai de Thomas Sgovio, Joseph, um imigrante radical italiano nos Estados Unidos, foi deportado como um agitador comunista em 1935 e se mudou com a sua família para URSS. Em 1937 Joseph foi preso pelas autoridades soviéticas e passou 11 anos em campo de concentração de GULAG (morreu pouco depois de sua libertação em 1948). Em 1938 o próprio Thomas foi preso pela NKVD, quando deixava a embaixada dos EUA em Moscovo, onde pedira para retornar aos Estados Unidos. Ele passou os seguintes 10 anos no campo de trabalho forçado de Kolyma (demorando 28 dias só na viagem de ida) no norte da Sibéria e 5 no exílio forçado no Extremo Oriente soviético. Sgovio chegou a pesar menos de 50 kg, tatuando o seu próprio nome para ser reconhecido após a morte. Sobreviveu graças ao seu talento de desenhador, ele conseguiu arranjar o trabalho fora da mina de ouro, pintando os pósteres propagandísticos comunistas. Ele não conseguiu deixar a União Soviética até 1963, quando finalmente retornou aos Estados Unidos da América.
Já nos EUA, em 1972, ele publicou o seu livro de memórias “Dear America! Why I’m turned against communism”, com a denúncia feroz do regime comunista soviético, feita, em primeira mão, por uma pessoa que abraçou as ideias comunistas desde a sua mais tenra idade. Infelizmente, este livro é praticamente desconhecido entre o público americano ou mesmo internacional (comprar o livro em inglês ou italiano AQUI).
A edição italiana do livro do Thomas Sgovio
Sgovio e milhares de outros jovens da sua geração acreditavam na utopia comunista, endoutrinados pelas suas próprias famílias, frustradas com o quotidiano. Hoje, após milhões de vítimas do GULAG e Holodomor, ninguém deve alegar que o “comunismo pode dar certo se não for deturpado”. Esperamos que a vida do Louis Marinelli na sua nova pátria seja menos frustrante do que a vida do Thomas Sgovio na URSS estalinista... 

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