quarta-feira, março 15, 2017

FBI contra FSB: os russos acusados de espionagem, fraude e ao hackear Yahoo

No dia 15 de março o Departamento do Estado da Justiça dos EUA acusou formalmente dois oficiais do FSB e dois hackers de acesso indevido ao Yahoo e aos 500 milhões de e-mails. Foram visadas as contas de correio dos jornalistas e banqueiros russos, funcionários estatais americanos e russos, trabalhadores das linhas aéreas americanas e muitos outros. Um dos agentes do FSB acusados, Dmitry Dokuchaev, em dezembro 2016 foi preso na Rússia por suspeita de traição; o hacker Alexey Bilan estava na lista de procurados do FBI desde o 2013.

Os acusados

São dois agentes do FSB, acusados na Rússia no fim de 2016 em traição do Estado e dois hackers, cujos serviços eram usados pelo FSB.
O Departamento do Estado da Justiça dos EUA acusa os cidadãos russos, oficiais do FSB, Dmitry Aleksandrovich Dokuchaev (33) e Igor Anatolyevich Sushchin (43) em “conspiração para efetuar a recolha de informações sobre as redes de computadores nos Estados Unidos e fora do país”. Eles agiram entre 2014 e o fim de 2016 em conjunto com dois hackers, Alexsey Alexseyevich Belan (29), aka “Magg,”, nascido na Letónia, cidadão russo e residente nos EUA e Karim Baratov (22), aka “Kay,” “Karim Taloverov” e “Karim Akehmet Tokbergenov”, cidadão da Canadá e do Cazaquistão e residente no Canadá.

Os oficiais do FSB pagavam os serviços dos hackers que, segundo acusação, podem ser mais numerosos, mas os seus nomes são desconhecidos pela acusação e grande júri — o colégio dos jurados que determinou a pertinência da acusação.

Pelo menos um dos objetivos dos oficiais do FSB era obtenção de informações sobre as pessoas de interesse para as agências de segurança russas: jornalistas, funcionários estatais russos e norte-americanas, funcionários de serviços e empresas relacionados com a segurança na Internet. Além disso, os membros do grupo obtiveram o acesso às informações de estruturas comerciais na Rússia, EUA e França, invadiram a e-carteira de bitcoins na Suíça. Alexei Belan, não só passou a informação aos seus supervisores do FSB, mas também a tinha usado para o seu benefício pessoal.
Alexsey Belan, que está na lista internacional de procurados desde 2012, vive na Rússia – ou seja sob a jurisdição do FSB. No entanto, ao invés de prendê-lo, o serviço decidiu contratá-lo. A Procuradora-geral adjunta interina americana, Mary B. McCord, declarou durante o anúncio das acusações: “O facto de que os criminosos foram ajudados pelo mesmo departamento do FSB com o qual colaboram os agentes do FBI para prevenir o crime cibernético, passa além de todos os limites possíveis”.

Os crimes

O caso contém 47 episódios de acusação. Eles são acusados de conspiração para cometer fraude cibernética, a espionagem económica e industrial, bem como no desenvolvimento e disseminação de malware. De acordo com vários pontos de acusação, as pessoas envolvidas podem ser condenados entre dois à 20 anos, tendo em conta que no sistema judicial dos EUA as penas de diversos episódios se somam.

Entre os alvos russos, foram pelo menos um jornalista, um membro sénior do governo, russo, oficial do departamento “K” (crime cibernético) e um dos diretores do serviço de e-mail russo. Entre os estrangeiros os alvos eram cidadãos de um “país vizinho”, onde hackers do FSB invadiram o e-mail do ex-ministro do Ministério do Desenvolvimento Económico, o ex-diretor de Holding Metalúrgica, um grande banqueiro e “representante bem conhecida da comunidade empresarial”. Além disso, grande parte das contas comprometidas era usada para roubar os dados de cartões de crédito.

Os hackers usavam as manipulações com o motor de busca do Yahoo. Em algum momento, o motor de busca, ao pedido das drogas para melhorar a potência masculina fornecia um link à farmácia on-line, mas passando por uma página intermediária. Como resultado, o recurso controlado por fraudadores recebia a comissão da farmácia por angariar os clientes.

Perfil dos acusados

Dmitry Dokuchaev trabalhava no Centro de segurança informática do FSB. Em dezembro de 2016 foi detido na companhia com o vice-diretor do mesmo centro, Sergey Mikhaylov, acusados de traição do Estado. As acusações concretas são desconhecidas, os dados não oficiais permitem supor que os dois são acusados em vender a “diversa informação” ao chefe do Departamento de investigação dos incidentes informáticos do “Laboratório Kaspersky”, Ruslan Stoyanov. Este a reenviava às companhias analíticas americanos que colaboravam com os seus serviços secretos. Os dados não oficiais apontam que no passado Dokuchaev, ele próprio era o hacker conhecido como Forb, recrutado em 2006 pela FSB onde ele chegou ao patente do major.

Igor Sushchin não possui a ficha pública, embora ente 2009 e 2011 uma pessoa com o nome idêntico possuía a quota-parte da empresa privada russa de segurança «Basis».

Alexsey Belan (29) era conhecido na Internet como Fedyunya, Magg e Abyrvaig entrou em 2013 na lista dos hackers com procura prioritária pelo FBI. Na altura ele foi acusado de roubo de dados de três empresas americanas que se dedicavam ao comércio na Internet, situados na Califórnia e Nevada. O hacker foi visto nas Maldivas, Tailândia e Grécia, pela sua captura FBI pagava 100.000 dólares. Em 29 de dezembro de 2016 Belan, juntamente com a direção do GRU e outro hacker, Yevgeny Bogachev foi pessoalmente mencionado na declaração do Departamento do Estado dedicado à introdução das sanções americanas contra Rússia devido ao acesso indevido ao sistema eleitoral dos EUA.

Os dados pessoais do Karim Baratov são desconhecidos, ele vivia no Canada, possuía o passaporte canadense e trabalhava diretamente com Dmitry Dokuchaev.

Os castigos

Para já os EUA não contactaram as autoridades russas em conexão com acusação contra os seus cidadãos. O Departamento do Estado da Justiça dos EUA irá confiscar os bens dos acusados, nomeadamente a conta no sistema de pagamentos PayPal, registada em nome da empresa “Elite Space Corporation” e as viaturas Mercedes Benz C54 e Aston Martin DBS com a matrícula «MR KARIM», todos pertencentes ao Karim Baratov, detido no Canadá em 14 de março de 2017.

Sem comentários: