terça-feira, novembro 22, 2016

Deslocados de Donbas querem voltar a Ucrânia

Altos custos de legalização, as filas intermináveis nos serviços de migração, os problemas de receber os cuidados médicos – são apenas alguns dos problemas enfrentados pelos deslocados do leste da Ucrânia, reassentados na região russa de Volgogrado. Durante os dois anos de vida na Rússia, nem todos os refugiados foram capazes de se adaptar às realidades locais e estão pensando em retornar à sua terra natal.

A legalização e medicina

Um dos principais problemas dos deslocados são custos significativos na preparação de documentos para a legalização. A fim de apresentar quaisquer documentos aos serviços de migração é necessário o registo de domicílio no novo local de residência. As pessoas não possuem na região de Volgogrado quaisquer parentes ou familiares que lhes poderiam proporcionar a habitação. Portanto, os migrantes de Donbas têm que pagar do seu próprio bolso o aluguer da moradia. O registo de domicílio também é feito por dinheiro. Quem possuir a acomodação, em seguida, pode se registar nos serviços de migração.

Outro problema é a prestação de assistência médica gratuita aos refugiados. O atendimento médico gratuito só é possível no local de registo, nos outros hospitais as pessoas são atendidas apenas pagando pelos serviços. Sem a cidadania russa é impossível conseguir um trabalho oficial. Os operários das fábricas recebem, regra geral, 10.000-15.000 rublos, no trabalho sazonal nos campos, o salário é de 20.000 rublos. É quase impossível achar algo mais digno [20.000 rublos equivalem atualmente aos 315 dólares].

A cidadania russa

A obtenção da cidadania russa exige gastos financeiros sérios, por vezes, insuportáveis. Alguns refugiados contam que após chegarem à região de Volgogrado em 2014, obtiveram apenas o registo temporário, pois “a nacionalidade russa era concedida imediatamente só aqueles cujos parentes lutavam nas milícias da “dnr” ou “lnr” (Sic!) No total, para obter a autorização temporária de residência (PVP), e depois a cidadania russa os deslocados de Donbas precisavam de gastar não menos que 40.000 rublos.

Mas se dentro de um ano, após obter a autorização temporária, o refugiado não conseguir a cidadania russa, a sua PVP é anulada e todo o procedimento deve ser repetido desde o início, com todos os custos decorrentes. Se o migrante não confirmar o seu estatuto, enfrenta a multa de cerca de 2.000 rublos [31,5 dólares]. Além disso, para pedir a autorização, o deslocado deve possuir pelo menos 200.000 rublos na sua conta bancária [3.150,00 dólares].

Algumas famílias após o seu reassentamento em Volgogrado se desintegraram, os casais se divorciaram, alguns voltaram para Ucrânia. “Após o divórcio com o meu marido não me posso recandidatar à participação no programa estadual de reassentamento dos compatriotas. Pois o marido cancelou a sua participação no programa e voltou para a Ucrânia após o divórcio. Agora tenho que me recandidatar novamente a PVP e só depois solicitar a cidadania russa”, – conta uma das refugiadas.

O alojamento

Nem todos os refugiados estão satisfeitos com a qualidade da habitação que lhes foi concedido na região de Volgogrado. Comparado com as suas casas abandonadas no Donbas é geralmente muito pior. Como resultado, algumas pessoas preferem voltar. Uma das privações mais terríveis para os refugiados foram as filas intermináveis no serviço de migração: “Às vezes torna-se insuportável. É especialmente difícil levar as crianças várias vezes para tirar as impressões digitais, cada vez é um verdadeiro stress”.

Alguns homens refugiados dizem que já não irão obter a cidadania russa, embora inicialmente pensaram fazê-lo. Agora eles pretendem voltar à Donbas, preocupados com a situação sócio-económica da federação russa: “Vocês aqui, na Rússia, começam ter os processos semelhantes da Ucrânia antes do gorpe. Não queremos passar por isso pela segunda vez, para nos é melhor salvaguardarmos a cidadania ucraniana, para podermos voltar para casa, logo que aqui na Rússia acontecerão os maus acontecimentos”.

De acordo com alguns dos refugiados, agora eles esperam a estabilização da situação na Donbas para poder voltar e tentar vender as suas moradias (casas e apartamentos), ao preço competitivo ao máximo, conseguindo dinheiro para organizar a sua vida num novo local. Pelo menos uma parte dos refugiados diz que gostaria de se mudar para a “parte ucraniana da Ucrânia”, e lá estabelecer uma nova vida para si e para as suas famílias. O fator limitante são os boatos de que na grande Ucrânia “continua a perseguição pelas conversas em russo” (Sic!) e pela “proveniência de Donbas” (fonte).

Blogueiro: enfim, como reza o ditado ucraniano contemporâneo: “ninguém disse que trair Ucrânia será uma coisa fácil e gostosa!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ue, eles não querem de volta a URSS!! OS talões eram comuns naquele período!