sábado, novembro 21, 2015

Nascidos no Daesh vermelho

À desgraça de todos os burgueses,
lançaremos o incêndio mundial,
Incêndio mundial sangrento –
Abençoa, o Senhor!
Aleksandr Blok, «Os Doze», 1918
"Morte aos burgueses e aos seus lacaios. Viva o terror vermelho!!"
A propaganda bolchevique, Petrograd, 1918  
Em breve, muito em breve
Sangue será derramado como um oceano
As gargantas infiéis
Vacilarão nas facas.
Al Hayat Media Center, nasheed do Daesh, 2015
"Em breve, muito em breve...."
A propaganda do Daesh, 2015
Em termos da realização prática da sua ideologia, quer bolcheviques, quer Daesh são idênticos, pois se baseiam nos dogmas disfuncionais. A URSS sobrevivia, comprando as fábricas e roubando as tecnologias ocidentais (não militares), explorando as suas próprias populações e recursos naturais. Daesh não produz nada, usando as armas ocidentais capturados e AK produzidas na União Soviética.

Os seus métodos são praticamente idênticos. Daesh usa jihad, os bolcheviques usavam o terror vermelho, decretado em 5 de setembro de 1918 pelo Conselho dos Comissários do Povo: “Sobre o Terror Vermelho”. Daesh usa fiqh, os bolcheviques – comunismo de guerra. Diversos nomes, mesmo sentido. 
  
Daesh mata os “infiéis” ou os obriga à pagar jizya. Os bolcheviques matavam os inimigos da classe: nobres, proprietários de terras, padres, policiais, intelectuais, industriais, kulaks, cossacos, prostitutas e outros, nacionalizando as suas posses. Karl Marx escreveu que o meio para “reduzir, simplificar e concentrar a agonia dos assassinos da antiga sociedade e as dores do parto sangrentas da nova, existe apenas um meio — o terrorismo revolucionário” (em “A Vitória da Contra-revolução em Viena”, publicado em “Neue Rheinische Zeitung”, № 136, de 7 de novembro de 1848). Já o Jihadi John resume todo o programa no seu nome.

Os bolcheviques não escondiam, absolutamente, os seus planos e objetivos, eles exibiam o terror, o incluíram na sua doutrina, o chamavam de coisa necessária, útil e certa. Da mesma forma procede o Daesh, interpretando os versos do Alcorão sobre a jihad, como uma especial maneira terrorista de chegar à um futuro (após a morte) brilhante. Os bolcheviques criavam os gigantescos campos de concentração, o Daesh possui diversas cadeias. Os bolcheviques consumiam o «cocktail das trincheiras» (cocaína misturada com vodka), os militantes do Daesh, parece que usam as anfetaminas.

Daesh dinamitou o templo de Bel em Palmira, os bolcheviques dinamitaram e destruíram milhares de igrejas. Daesh afogou algumas pessoas, filmando o processo em Full HD, os bolcheviques afogavam as pessoas às centenas.
Templo cristão ortodoxo destruído pelos bolcheviques em Kyiv
Os bolcheviques usavam os militares czaristas, no Daesh combatem os generais do Saddam Hussein. Daesh toma os reféns, os bolcheviques tomavam os reféns aos milhares, seguindo as dicas do Lenine:
“Eu proponho não tomar os “reféns”, mas os nomear individualmente por cada província. O propósito da nomeação – exatamente os ricos, pois eles são responsáveis pela indemnização, respondem com a vida pela coleia imediata e entrega dos excedentes de trigo em cada província” (As obras completas do Lenine, volume 18 (1931), pp. 145—146, citação D. Volkogonov, Le Vrailenine, Paris, R, Laffont, 1995: 248).
Alguma liderança militar do Daesh, de origem baathista, porventura estudou na URSS...
Os camponeses na URSS não podiam mudar da residência sem uma permissão especial, eles simplesmente não possuíam os documentos de identificação até a década de 1960, em alguns casos até 1974. Daesh também confisca os documentos e passaportes dos cidadãos e lhes permite a viajar apenas munidos dos “guias de marcha” espaciais. Daesh queimou vivo um piloto jordano, os bolcheviques amarravam os oficiais monárquicos às tábuas e os queimavam nos fornos. Daesh corta as gargantas aos cristãos; os bolcheviques afogaram o bispo ortodoxo Teofan (Ilmienski) na água gelada no inverno de 1918; fuzilaram dezenas de bispos, milhares de padres e centenas de milhares de crentes.

Os bolcheviques justificavam o terror vermelho com as lutas contra o terror branco e contra a contra-revolução, o jihad é justificado pela intervenção ocidental na vida dos países islâmicos.
Semanário do CheKa, 1ª edição, 22 de setembro de 1918
Daesh criou Al Hayat Media Center que filma as torturas e execuções; o chefe da CheKa, Dzerzhinski criou “Semanário do CheKa” (saíram 6 edições) e a revista “Terror Vermelho” (em novembro de 1918 saiu a sua 1ª e única edição). Na sua 4ª edição o semanário publicou a carta do chefe do CheKa da província Vyatka, intitulada “Por que vocês são sentimentais?”, na qual este exigia o endurecimento do terror vermelho. A carta foi debatida na reunião do Comité Central do PCUS (b) em outubro de 1918 e considerada “errada”. Em resultado, o Conselho dos Comissários Populares decidiu suspender definitivamente a publicação dos mujahideens chekistas.

Os documentos atribuem ao terror vermelho de 1918-1922 cerca 50.000 vítimas, mas uma parte das pessoas foi exterminada pelos bolcheviques sem nenhuma fixação documental. Por exemplo, a morte de mulheres “burguesas”, em consequência das violações brutais no decorrer das suas detenções eram registadas como “mortes naturais”.
  
Daesh vs bolcheviques

Temos que reconhecer, Daesh é um mero aprendiz (pelo menos para já), na escala, no envolvimento, nas relações públicas, no derramamento de sangue, na engenhosidade e na insanidade de aniquilação de pessoas, em comparação com o PCUS (b). Em comparação com Lenine, Dzerzhinsky, Estaline, Petrovski, Khrushchev, Kamenev, Zinoviev, Trotsky e outros, as figuras como Jihadi John, Abu Bakr al-Baghdadi, Abu Zubair al-Rusi ou Abu Turab Al Mugaddasi são uns miúdos brincalhões, embora as suas ações não se tornam menos sangrentos por causa disso.

Nascidos no Daesh soviético

Diversas pessoas consideram a vida no Daesh soviético (isso, é, na URSS) era normal por um único motivo, na sua juventude e maturidade, os bolcheviques já não matavam as pessoas em público e os milhões não morriam, secretamente, no GULAG. Mas isso não é uma razão para considerar a União Soviética como um estado normal. Mesmo porque a URSS não revogou a sua ideologia genocidária e expansionista pelo menos até 1985, reprimindo qualquer resistência com a mesma brutalidade bolchevique. As execuções e prisões em massa foram substituídas pelas cadeias e psiquiatria punitiva, mas nos momentos em que a URSS recorria aos métodos antigos, no Afeganistão ardiam as aldeias, juntamente com os seus habitantes.
Temos que reconhecer honestamente, em diversas cidades (do espaço pós soviético) temos até hoje os monumentos do al-Baghdadi e as ruas chamadas Jihadi John. Simplesmente nós acostumamos à isso. E uns ainda os consideram heróis, não devemos ficar surpreendidos, eles ou foram educados no Daesh vermelho ou foram criados pelos seus fãs.

E se olhando à promoção da carnificina sangrenta do Daesh você sente a necessidade urgente de delegar à alguém o direito sagrado de o bombardear preventivamente (dentro ou fora da coligação internacional), primeiro deveria derrubar o monumento ao Jihadi John na sua cidade. E, certamente, deve parar de repetir que a “causa do al-Baghdadi está viva”, assim como parar de dizer que “al-Baghdadi viveu, vive e viverá enquanto estão vivos os seus fiéis e seguidores do seu caminho”. Caso contrário, alguém irá bombardear a porra da sua fábrica metalúrgica “Jihad Vermelho” ou o seu kolkhoze “Lenin al-Rusi”; a sua rua dos “26 mujahideens da Raqqa” ou avenida “Quinqiénio da tomada do Mosul” poderão ser atingidos por algum míssil de cruzeiro.
Um jovem pertencente ao Daesh em execução do refém
Concluímos este texto com a canção da adaptação cinematográfica do romance juvenil comunista “Os diabos vermelhos”. O livro, já agora, conta a história das tradições gloriosas do uso de crianças e adolescentes para as necessidades dos regimes terroristas totalitários.

Há balas no revólver, se deve conseguir
Lutar com inimigos e terminar a canção.
Não temos sossego! Arder, mas viver!
A perseguição, perseguição, perseguição, perseguição de sangue quente!
A perseguição, perseguição, perseguição, perseguição de sangue quente!

Ler o artigo integral em russo:
https://www.youtube.com/watch?v=E5VNdhdFBgA

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