quinta-feira, outubro 08, 2015

A belarusa Svetlana Alexievich é a Nobel de Literatura de 2015

Nascida em 31 de maio de 1948 na cidade ucraniana de Ivano-Frankivsk, a escritora e jornalista belarusa Svetlana Alexievich ganhou o prémio Nobel de Literatura de 2015, “por seus escritos polifónicos, um monumento ao sofrimento e à coragem do nosso tempo”.
Svetlana Alexievich no Afeganistão, década de 1980 
A filha do pai belaruso e mãe ucraniana, Alexievich estudou jornalismo na Universidade de Minsk entre 1967 e 1972. Após a sua formatura, ela foi encaminhada à um jornal local em Brest, perto da fronteira com a Polónia, por causa de seus pontos de vista de oposição. Mais tarde, ela voltou ao Minsk, trabalhando no jornal “Selskaya Gazeta” (Gazeta do Campo). Durante muitos anos, ela recolheu material para o seu primeiro livro “U vojny ne zhenskoe litso” (A face não feminina da guerra), que é baseado nas entrevistas com centenas de mulheres que participaram na II Guerra Mundial. Este trabalho é o primeiro de grande ciclo de livros de Alexievich, “Vozes da Utopia”, onde a vida quotidiana na União Soviética é retratada à partir da perspectiva do indivíduo.
Ver os comunicado de imprensa em diversas línguas: http://goo.gl/8NbJnP
Ver as notas bibliográficas em diversas línguas: http://goo.gl/i8YnlI

A obra da Svetlana Aleksievitch em português

Em 2015, a Porto Editora, publicou o seu livro “O Fim do Homem Soviético – Um tempo de desencanto” (ISBN: 9789720047403, preço: 19,90 € | 17,91 €).
A obra é dedicada ao ressurgimento de uma nova geração de russos (dentro e fora da Rússia), que anseia pela grandiosidade da URSS, exalta Estaline como um grande homem. Com uma acuidade e uma atenção únicas, Svetlana Aleksievitch reinventa neste magnífico requiem uma forma polifónica singular, dando voz a centenas de testemunhas, os humilhados e ofendidos, os desiludidos, ao homem e à mulher pós-soviéticos, para assim manter viva a memória da tragédia da URSS e narrar a pequena história que está por trás de uma grande utopia.

Rapazes de Zinco

De 1979 à 1989, o exército soviético combateu o Afeganistão, uma guerra que gerou mais de quinze mil mortos e mais de quatrocentos e cinquenta mil feridos e doentes, atingindo profundamente toda uma geração. Alvo de contestação e polémica na União Soviética por altura da sua publicação, acusado por críticos de ser “uma fantasia carregada de mentiras” e parte de “um coro histérico de ataques perversos”, Rapazes de Zinco oferece um testemunho sentido e afetuoso dos soldados, enfermeiras, mães, filhos e filhas que viveram a guerra e os seus efeitos devastadores.
Livro dedicado à guerra soviética no Afeganistão
Nestas páginas revela-se uma história de brutalidade e mentira, marcada simbolicamente pelos caixões de zinco, usados para transportar os mortos para casa, perante uma União Soviética que negava o horror e a destruição causados pela guerra.

Recorrendo, como é sua marca, às vozes dos entrevistados, à eloquência e silêncio de um coro polifónico, espelho da realidade, Svetlana Alexievich mostra-nos a verdade acerca da guerra soviética no Afeganistão: a beleza do país contrastando com a violência do exército, a morte, a entrada em força no território e as vidas destruídas dos veteranos de guerra, toldados pela vergonha. Uma visão única, lúcida e poderosa da realidade da guerra.

Sem comentários: