sábado, fevereiro 21, 2015

Moscovo celebra o primeiro aniversário do Maydan

Seguindo as práticas descritas na distopia1984do George Orwell, misturadas com os desfiles de massas na Alemanha nazi e na URSS estalinista, a cidade de Moscovo assinalou o 1º aniversário da Revolução ucraniana, conhecida como Maydan, nome atribuído pela sua localização na praça (maydan) de Independência de Kyiv.
"Ideologia ocidental e paradas gay nós não precisamos!",
dizem os jovens que vestem jeans e calçam sapatilhas "Adidas"
Muitos seguravam o retrato do ex-comandante da guerrilha independentista chechena, Kadyrov-pai...

O anti-Maydan russo, organizado pelo poder político russo, assustado com a simples possibilidade de surgimento das ações de protesto, vindas da sociedade civil russa, sob diversos slogans anti-americanos, anti-ocidentais e anti-ucranianos, contou com a presença de cerca de 35.000 pessoas, na sua maioria vindas da província. Os jornalistas e blogueiros russos notam que a uma boa parte dos presentes pertenciam aos organismos financiados pelo estado (médicos, professores, estudantes) e vieram ao Moscovo por “livre e espontânea pressão”. Embora, certamente, na multidão seria possível encontrar os que estavam lá pelas razões nobres: os participantes tinham direito aos 300 rublos (menos de 5 dólares) e podiam usar as casas-de-banho biológicas, instaladas no local de uma maneira absolutamente gratuita.
Ecletismo anti-Maydan russo: bandeiras estatais russas, soviéticas, imperiais...
Fuhrer Zaldostanov, o motoqueiro pró-Putin e separatista ucraniano Oleg Tsarev
O eleitorado pró-Kadyrov trouxe os retratos do Kadyrov Sénior, um dos comandantes
chechenos independentistas, ativo na 1ª guerra chechena

A extensa coluna dos “cossacos”, estudantes, veteranos da invasão soviética do Afeganistão, médicos, reformados, apoiantes do líder checheno Kadyrov Jr., ativistas dos grupos totalitários juvenis e simplesmente “loucos urbanos”, foi encabeçada pelos dois fuhreres de momento: o líder dos motoqueiros pró-huylo Zaldostanov “Cirurgião” e ex-deputado do Partido das Regiões, Oleg Tsarev, procurado na Ucrânia pelo seu apoio ao movimento separatista.
Os organizadores produziram os cossacos em tons da fita de São Jorge,
usada pelas forças genericamente pró-soviéticas

Como o slogan principal do certame foi escolhida a frase “Não esquecemos! Não perdoamos”, a principal “notícia”, criada para fomentar ódio generalista contra os ucranianos, é a alegada morte, no decorrer do conflito, de 50.000 pessoas (o rumor difundido à partir da Alemanha, sem a base factual, nem apoio da Ucrânia, da ONU, da OSCE e até mesmo dos separatistas).
     
"Putinismo para sempre!"
"Putin ama todos!"
Os fãs bigodudos do AC/DC num comício anti-ocidental...

Os organizadores juraram de pés juntos que não obrigaram os participantes estarem presentes na manif, acusando as autoridades ucranianas de “provocação”. Pelo sim, pelo não, os mesmos organizadores instruíam os participantes sobre as mensagens superiormente aprovadas que estes deveriam reproduzir perante o público: “somos contra o fascismo na Ucrânia”, ““a quinta coluna” (os democratas e liberais russos) não passará””, etc. 

Mas a quantidade dos autocarros, muitos dos quais tinham a inscrição “Anti-Maydan”, estacionados livremente quase no centro de Moscovo, ao longo do rio-Moscovo testemunhava inequivocamente: todos estes “anti-fascistas” provincianos: jovens, adultos e reformados, foram trazidos de algum lugar e de uma maneira organizada...
"Mães da Rússia contra o fascismo": quantas mães encontras na foto?

Pois os anti-fascistas moscovitas, vieram democraticamente pelo metro, uns até tiveram que mostrar as suas identificações pessoais aos polícias desconfiados. Na rua Petrovka, foram instalados alguns ecrãs, onde aos peões eram demonstrados os vídeos sobre “perigosos” militantes do “Setor da Direita”, sobre o Exército Insurgente Ucraniano (UPA) e outros materiais propagandistas (conferir).
Os queridos líderes!
As duas novas ideias nacionais: "América morre" e "Crimeia"...

Um dado curioso, diversas manifestantes usavam as máscaras medicinais, ora porque estavam doentes, ora pois tiveram medo de apanhar alguma virose ou então, por serem coagidos e não querendo dar a cara à uma causa injusta. Quem sabe?
Os patriotas anti-ocidentais escolhem "Adidas" e "Nike"!
Os anti-americanos pela "Ralph Lauren" e "Adidas"!

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... a outra Rússia
"Liberdade para Nadia Savchenko!"
"O Mundo russo é mentira, guerra e morte!?"
A cidade de Moscovo, produziu no mesmo sábado uma manif alternativa, com a participação de 20 cidadãos russos destemidos e corajosos, já sem direito aos subsídios de participação ou transporte gratuito (FONTE).
"Gente, o que se passa convosco? Essa não é a vossa guerra! Mas vão morrer vossos filhos!"
"A guerra não declarada na Ucrânia - é vergonha e destruição para Rússia"
"Interior degradado? Pelo menos a Crimeia é nossa"
Nas vésperas, no dia 20 de fevereiro, outros 7 (ou nove) cidadãos russos vieram até a embaixada da Ucrânia em Moscovo para manifestar o seu respeito pela morte da “Centena Celestial”, os manifestantes ucranianos assassinados no centro de Kyiv nos dias 18-20 de feveriero de 2014, sendo imediatamente detidos pela polícia moscovita (FONTE).
 Ekaterina Maldon
Ekaterina Malnon detida no autocarro da polícia
Os sete destemidos são: Katerina Maldon, Irina Kalmykova, Masha Ryabikova, Aleksandr Makarov, Viktor Kapitonov, Elena Zakharova e Pavel Kuznetsov.   

Os ativistas levavam flores, quando eles se aproximaram às polícias que barricaram a rua que dava acesso à embaixada da Ucrânia, estes gritaram que os cidadãos estão obstruir a via, começando as detenções, usando a força desproporcional contra os seus próprios concidadãos, absolutamente pacíficos (FONTE). Mais tarde, os manifestantes pró-ucranianos foram libertados, com a marcação dos julgamentos administrativos para o fim de mês de fevereiro de 2015.  

1 comentário:

Anónimo disse...

Cidadãos pacificos sendo presos e uma manada de porcos idolatrando terroristas... Malditos, terão o q merecem um dia, da justiça de Deus não se escapa...ninguém é esterno!
Força a Ucrânia, nós, brasileiros oramos por vcs!!