sábado, março 15, 2014

Igreja Greco-Católica é perseguida na Crimeia




por: Bispo Borys Gudziak *

Neste sábado, dia 15 de março, entre 10h00 e 11h00, em Sebastopol, na Crimeia as forças separatistas pró-russas raptaram o padre Frei Mykola Kvych (na foto em cima), o sacerdote greco-católico ucraniano, directamente do dormitório da paróquia ucraniana da Mãe de Deus, localizada na rua Silska № 5 (perto de km 5 da auto-estrada da Balaclava).

Frei Kvych foi raptado por dois homens de uniforme paramilitar e quatro homens em roupas civis. O jovem capelão da Marinha ucraniana foi levado para um local desconhecido, onde ele está mantido em cativeiro. Um paroquiano que ligou para o seu telefone celular ouviu a linguagem insultuosa dirigida ao padre antes da chamada foi interrompida. Fontes confirmam que o Padre Kvych está vivo.


No início desta semana, ao pedido da hierarquia greco-católica ucraniana, padre Kvych e outros sacerdotes greco-católicos na Crimeia evacuaram as suas famílias para a Ucrânia continental (os sacerdotes greco-católicos podem constituir as famílias). Os próprios sacerdotes retornaram às suas paróquias para estar com seus fiéis em um momento de crise e do perigo moral e físico.

O apelo do Papa Francisco aos pastores “de sentirem o cheiro de suas ovelhas” guiou o clero católico na Ucrânia durante os meses de protesto pacífico de milhões de cidadãos, que começou em 21 de novembro após o presidente Yanukovych se recusou a assinar o acordo de associação da Ucrânia com a Europa.

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Ontem, no dia 14.2.2014, um outro padre greco-católico, voltou à sua casa na Crimeia (local não revelado para preservar a identidade do sacerdote), para encontrar a porta de seu apartamento destruída e uma inscrição ameaçadora: “Vai embora, espião do Vaticano”. A polícia se encontrava ao lado do seu prédio.

Os sacerdotes greco-católicos da península foram orientados a não celebrar serviços em suas igrejas neste domingo, mas servir em igrejas católicas romanas onde, na companhia de outros clérigos, a sua segurança pode ser garantida com mais facilidade.

O governo do Yanukovych ameaçou ilegalizar a Igreja Greco-Católica Ucrânia na época do (último) Natal, devido à atenção pastoral que os sacerdotes davam aos fiéis em protesto. De 1946 à 1989, a UGCC foi a maior igreja proibida no mundo e o corpo mais substancial de oposição social ao domínio soviético na Ucrânia. Uma vez que não colaborou com as autoridades soviéticas, UGCC tem a especial autoridade moral na sociedade ucraniana no período pós-soviético e durante a atual crise social e política.

* Bispo Borys Gudziak é o Chefe do Departamento de Relações Externas da Igreja Greco-Católica Ucraniana. É pároco da Paróquia de St. Volodymyr em Paris dos greco-católicos ucranianos na França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Suíça.

Original em inglês:

Blogueiro

A perseguição da Igreja Greco-Católica Ucraniana é apenas a ponte de iceberg do terror físico e psicológico que espera aos ucranianos e tártaros na Crimeia nas próximas semanas e meses. É muito claro que a criminalidade pró-russa irá usar o terror para obrigar os tártaros e os ucranianos a abandonar a península.

Baste ler a história dos três jovens de Kyiv, sobre as humilhações e ameaças que estes foram alvo durante o seu rapto na Crimeia:Tiros à 10 centímetros da cabeça, espancamentos, corte de cabelo, colocação de uma faca sobre o corpo com ameaçar de cortar uma orelha ou nariz, retirada de roupa, e tudo isso às risadas e com as filmagens de telefones celulares”.
 
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