quinta-feira, novembro 21, 2013

Engenheiro austríaco testemunha Holodomor

No verão de 1933, no auge do Holodomor, na capital ucraniana da época, cidade de Kharkiv, viveu e trabalhou o engenheiro austríaco Alexander Wienerberger. Com a sua Leica ele fotografava tudo que acontecia ao seu redor. Naquele ano aconteciam as coisas absolutamente terríveis, Ucrânia foi atingida pelo Holodomor.


Os camponeses ucranianos que fugiam do Holodomor morriam nas ruas da capital. Os seus corpos caídos podiam ser vistos nas bermas, ao lado dos murros. Os citadinos quase não reagem, o que significa que a situação era habitual. Crianças famintas, que se tornaram órfãos, juntavam-se em grupos. Cidadãos montavam as filas para comprar o pão. Tudo isso, mesmo arriscando a sua vida, era fotografado pelo Wienerberger.
Alexander Wienerberger foi aprisionado pelo exército russo em 1915, na sequência da I G.M., viveu na URSS durante 19 anos, até 1934. Sendo engenheiro químico especializado em explosivos, o poder soviético precisava dos seus conhecimentos. Em 1933 ele ocupava o cargo do diretor técnico da fábrica sintética de Kharkiv, testemunhando as consequências do Holodomor ucraniano. As três dezenas de fotos que tirou sobre o Holodomor são hoje quase 1/3 de todas as fotos conhecidas da tragédia ucraniana.
Voltando para Áustria, Wienerberger entregou 25 fotos, acompanhadas pelos seus comentários ao arcebispo de Viena, cardeal Theodor Innitzer. Em 1935, Ewald Ammende, publicou em Viena o livro “Muss Russland Hungern? Menschen- und Völkerschicksale in der Sowjetunion, W. Braumüller Universitäts-Verlagsbuchhandlung, Wien 1935; xxiii”, com a legenda na página 355: “Der Hunger in der Hauptstadt der Ukraine. Bilder, Aufgenommen in Charkow im Sommer 1933”. Em 1939 o próprio Wienerberger publica o livro de memórias chamado “Hart auf Hart” (Tempos Duros), onde compara a União Soviética ao regime nazi.
Os originais das fotografias até hoje estão guardados no arquivo da Diocese de Viena, no espólio do cardeal Innitzer. Em 1933 ele criou e encabeçou o comité internacional da ajuda às vítimas de fome na URSS, Ewald Ammende era o seu secretário. O comité divulgava na Áustria a informação sobre o Holodomor ucraniano.
Na Ucrânia estas fotos foram publicadas em 2007, no livro do historiador Vasyl Marochko “Holodomor de 1932-33”. As cópias podem ser vistas no Arquivo Estatal Central de Cinema, Fotografia e Fonografia da Ucrânia (TSDKFFA).
Na década de 1930, a URSS empregava diversos especialistas estrangeiros qualificados: americanos, checos, eslovacos, austríacos. Em dezembro de 1931 viviam em toda Ucrânia 1056 técnicos estrangeiros, alguns empenhados na construção da Dniproges.

Fonte: Gazeta.ua

Mais fotos do Holodomor:
http://www.ukrinform.ua/ukr/news/golodomor_v_ukraiini_mav_naysuvorishi_masshtabi_fotoreportag_1883950

2 comentários:

Anónimo disse...

Está acontecendo uma revolução neste momento na Ucrânia e até quando vc estará se omitindo?

Jest nas Wielu disse...

Lucas, não pergunte o "que JNW fez pela revolução", pergunte o "que Lucas Câmara fez por ela", todos tem os seus próprios espaços para apoiar Ucrânia neste momento.